LONDRES (Reuters) - O mundo está pela primeira vez prestes a
ser capaz de proteger os seres humanos contra o Ebola, disse a Organização
Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira, após dados de um teste na Guiné
mostraram que uma vacina foi 100 por cento eficaz.
Os resultados iniciais do estudo, que
testou a vacina VSV-ZEBOV, da Merck e da NewLink Genetics, em cerca de 4.000
pessoas que estiveram em contato próximo com um caso de Ebola confirmado,
mostrou 100 por cento de proteção após dez dias.
Os resultados foram descritos como
"notáveis" e "virada no jogo" por especialistas em saúde.
"Acreditamos que o mundo está prestes a ter uma vacina eficaz contra o
Ebola", disse a especialista em vacinas Marie Paule Kieny, da OMS, em uma
entrevista à imprensa em Genebra.
A vacina pode agora ser usada para
ajudar a acabar com o pior surto de Ebola já registrado até hoje, que matou
mais de 11.200 pessoas na África Ocidental desde que foi detectado em dezembro
de 2013.
A diretora-geral da OMS, Margaret
Chan, disse que os resultados, publicados online na revista médica The Lancet,
são um “desdobramento extremamente promissor". "Esta vai ser uma
virada de jogo", disse ela a jornalistas. "Vai mudar a gestão do
atual surto de Ebola e de futuros surtos."
Esse e outros experimentos de
imunização foram acelerados com enorme esforço internacional de pesquisadores
para conseguirem testar terapias e vacinas enquanto o vírus ainda estava
circulando com força.
"Sabíamos que era uma corrida
contra o tempo e que o experimento tinha de ser realizado sob as circunstâncias
mais difíceis", diz John-Arne Röttingen, chefe da área de controle de
doenças infecciosas no Instituto Norueguês de Saúde Pública e presidente do
grupo de acompanhamento do experimento.
A entidade beneficente Médicos sem Fronteiras (MSF), que vem liderando a
luta contra o Ebola na África Ocidental, está agora apelando para que a
VSV-ZEBOV seja levada aos outros focos do surto, Libéria e Serra Leoa, onde a
entidade diz que poderia quebrar cadeias de transmissão e proteger os
trabalhadores de saúde na linha de frente do atendimento aos doentes.
(Reportagem adicional de Tom Miles,
em Genebra, e Ben Hirschler, em Londres)
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